Ìyálòrìsà Luizinha d'Nanã

Ìyálòrìsà  Luizinha d'Nanã

A pessoa que orienta com os Búzios, nossa querida e amada Ìyálòrìsà, nossa guerreira, que toma conta de todos os teus irmães e irmãs, com todo carinho dando contimuidade ao Asè, como foi ensinadas ao longo de todos o tempo em que ficou ao lado do teu Zelador.

Texto: Felipe Brito
Foto: Ricardo Esposito

"Nascida Heloisa Moreira, Mãe Luizinha de Nanã, desde criança esteve envolvida nos mistérios dos ancestrais, a quem nós devotamos a nossa fé. Filha de carnal da Ekedji Cabocla, filha espiritual do Babalorixá Pérsio de Xangô, seu futuro sacerdote e homem que a conduziria ao universo sagrado dos Orixás e ao atual sacerdócio. Tinha como diversão enquanto criança reproduzir, com a inocência natural de uma criança e a serenidade das filhas da Deusa Anciã, os rituais do Candomblé.

Filha do coração, escolhida pelo Tatá Pércio, como ainda é chamado carinhosamente por todos, pois ainda permanece vivo em nossas lembranças e coração, dedicou a ele e a cada canto, espaço, pedra, ferro retorcido, louça, pano, filhos e Orixás do Ilé Alaketù Asè Airá toda a sua vida, carinho e sabedoria, a última característica inerente as Nanancis.

'Pérsio não deixe essa menina à toa. Você precisa dar um posto à ela', aconselhava a saudosa e respeitadíssima Mãe Bida de Iemanjá. E assim foi, recebeu de Airá o cargo de Iyalasé, aquela que manipula o axé, as forças e segredos dos Orixás, e tornou-se uma ministra do reinado de Airá. Conviveu com todos os iniciados do Asé Batistini e toda a família do seu zelador. Zelador não, do seu Pai Pérsio, pois foi ele sua única referência de pai.

Foi levada ao Gantois e lá conheceu a mais famosa Iyalorixá do Brasil: Mãe Menininha. Seu Babalorixá a acompanhou. Era preciso que a futura grande Iyalorixá de Nanã tomasse a benção da mais Oxum mais bonita. Com o mesmo respeito recebeu e acomodou o profundo conhecedor das nossas tradições e grande sacerdote, também Babalorixá de Tatá Pérsio, Pai Nezinho de Ogum, ainda na Rua dos Vianas, na Vila Guilherme.

Não foram poucos os encontros e as amizades que a religião do Candomblé lhe proporcionou: Mãe Bida de Iyemanjá; Mãe Rosinha; Ogan Getúlio e Téo de Ogum, seus padrinhos; Iyá Wanda de Oxum; Iyá Katessu; Iyá Nilzete de Iyemanjá - sua conselheira e madrinha de casamento com o Mestre dos Atabaques – Ogan Robson do Gantois; Ebomi Leonor – Axé Oxumarê; Mãe Juju de Oxum, Mãe Cidália de Iroko; Mãe Ana de Ogum; Mãe Cacho de Omolu; Ebomi Nilza; Baba Pecê; Ebomi Bete; Ebomi Walkíria e tantos outros que guarda no coração. Em especial, Pai Giba, Pai Carlinhos, Mãe Dani e Mãe Gui.

Um dos momentos mais especiais da sua vida se deu no dia 26 de dezembro de 1978. Nascia sua filha Danielle de Oxum.

Com a partida de Tatá Pérsio, ficou a saudade, a dor e a certeza de que o Axé não pode parar. O Axé Batistini é a personificação de Pai Pérsio e dela também. Foi lá que viveu. Dentro daquelas paredes ajudou, fielmente, seu Babalorixá a construir uma história. História essa quem está sendo reverenciada e aplaudida hoje por todos nós.

É com orgulho e muita emoção que As Águas de São Paulo nomeia Mãe Luizinha como nossa Embaixatriz. Temos a profunda certeza que nossa bandeira, ideias e propósitos de fé estarão em boas mãos. Mãos que foram escolhidas por aquele que foi o nosso orientador e conselheiro para levar um dos Axés mais tradicionais do território Bandeirante.

Saluba! Kawó Kabiyecilé!

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